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Endometriose

Tratamentos para endometriose

De acordo com o doutor Alysson Zanatta, em entrevista ao blog A Endometriose e Eu, a endometriose é uma doença complexa, pois não há regra em sua manifestação. Em cada mulher ela pode se apresentar de uma maneira, por isso o tratamento é sempre personalizado.

Além dos fatores clínicos, o tratamento para a endometriose deve levar em consideração questões pessoais da paciente, como o nível de dor que ela sente e seu interesse ou não de engravidar.

É importante lembrar que a endometriose é um distúrbio do sistema reprodutor. Ela pode aparecer a qualquer momento durante a idade fértil feminina e desaparecer naturalmente após a menopausa. Os sintomas também podem não se manifestarem temporariamente durante a gravidez, já que neste período não há aumento das células endometriais.

Os tratamentos para a endometriose podem ser divididos em dois grupos: clínicos e cirúrgicos.

Tratamentos clínicos

Funcionam através de medicamentos que regulam a produção e captação hormonal, principalmente do estrogênio – responsável pelo aumento das células endometriais – e da progesterona, hormônio que equilibra e reduz o aumento dessas células.

Assim, eles limitam o aumento das células endometriais, o que impede a progressão da doença e diminui significativamente seus sintomas. Por outro lado, esses sintomas podem reaparecer com a interrupção do medicamento. Os tratamentos clínicos mais comuns são:

  • Pílulas anticoncepcionais

Compostas por progesterona e estrogênio, são muito eficazes como tratamento da endometriose. Há uma grande variedade destes medicamentos no mercado, com diferentes doses hormonais. Seu ponto negativo é que diversas pesquisas apontam uma relação entre o uso de pílulas anticoncepcionais e a incidência de trombose.

  • DIU hormonal

O DIU hormonal é um pequeno dispositivo que, ao ser inserido no útero, atua liberando levonorgestrel – hormônio análogo à progesterona. Ele reduz muito o volume e as cólicas menstruais, sendo muito eficaz no tratamento da endometriose. Além disso, é um dos métodos contraceptivos mais eficaz, ficando na frente das pílulas anticoncepcionais.

Por ser liberado direto no útero, o levonorgestrel não se espalha pela corrente sanguínea, o que torna o DIU hormonal um dos métodos clínicos que menos possuem efeitos colaterais.

  • Medicamentos à base de progesterona

Esta opção pode ser efetiva para algumas mulheres, como aquelas que só sentem dores durante o período menstrual. Os mais comuns são:

  • Uso oral: Conhecidas como minipílulas, sua utilização é bem parecida com a das pílulas anticoncepcionais, com a vantagem de não possuir estrogênio em sua composição.
  • Injetáveis: Uma forma prolongada de progesterona, que pode ser administrada mensalmente ou a cada três meses.
  • Uso tópico: Cremes à base de progesterona. A quantidade de hormônio que chega ao útero é muito baixa, o que os torna pouco eficazes.
  • Danocrine

Medicamento oral à base de danazol, um hormônio esteróide sintético que regula a produção de diversos hormônios no organismo. Possui diversos efeitos colaterais.

  • Tratamentos com GnRH

O GnRH é um hormônio que age em uma parte do cérebro chamada hipotálamo, fazendo com que ele libere hCG – o mesmo hormônio liberado na gravidez. Os dois medicamentos mais conhecidos são o Synarel e o Lupron.

  • Synarel: Um spray nasal que induz uma rápida liberação de hCG, o que desestimula a produção de estrogênio. Possui menos efeitos colaterais que o Lupron.
  • Lupron: Uma injeção intramuscular aplicada em duas doses, com um intervalo de 3 meses entre elas. O Lupron libera GnRH de forma prolongada, o que impede a ovulação e a produção de estrogênio. Com isso, a usuária entra em uma espécie de menopausa.

Alguns médicos desaconselham o uso deste medicamento por causa dos seus efeitos colaterais, que podem incluir ondas de calor, suores noturnos, mau humor, irritabilidade, náuseas, insônia, perda óssea e névoa mental. Esses efeitos demoram a desaparecer mesmo após a interrupção do tratamento.

  •  Inibidores de Enzima de Aromatase

Medicamentos que agem bloqueando a enzima aromatase, o que evita a produção de estrogênio. Alguns exemplos de medicamentos são Letrazol, Femara e Arimidex. A taxa de sucesso deles não é muito alta, e podem produzir os mesmos efeitos colaterais dos tratamentos com GnRH.

  • Medicamentos para dor

Nos casos mais leves, o avanço da endometriose pode ser controlado apenas com o uso de medicamentos para dor e a adoção de hábitos saudáveis. Esses medicamentos também podem ser utilizados em conjunto com outros métodos, quando necessário.

Dr.
Marcon Censoni

Cirurgia Digestiva
Cirurgia Laparoscópica
Cirurgia Geral
Cirurgia Proctologia

  • Chefe do serviço de Cirurgia Geral e Proctologia do IBCC (Instituto Brasileiro Controle do Câncer);
  • Chefe do grupo de Internistas do Hospital do Câncer - AC Camargo, em São Paulo;
  • Chefe do serviço Hospitalistas do Hospital do Câncer AC Camargo;
  • Chefe do serviço de Cirurgia Digestiva do IBCC;
  • Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões;
  • Medicin attachè do Serviço de cirurgia Digestiva e Laparoscópica do Hospital Hautepierre - Strasbourg-
  • França - Universidade Luois Pasteur;
  • Membro da Sociedade Brasileira Coloproctologia;
  • Membro da Sociedade Brasileira Laparoscopia;
  • Professor Assistente na Faculdade de Medicina da Pontificia Universidade Católica de Campinas.